A Era da Eletricidade: Tendências, Desafios e Oportunidades para um Futuro Sustentável
A eletricidade está a tornar-se o pilar central do sistema energético global. Desde o transporte à climatização, passando pelas comunicações e pela indústria, a nossa dependência da energia elétrica nunca foi tão grande. Mas estamos preparados para esta nova era?
Neste artigo, exploramos os dados mais recentes da Agência Internacional de Energia (AIE) e mostramos os principais desafios e soluções para um consumo mais eficiente e sustentável de eletricidade – em Portugal e no mundo.
O Consumo de Eletricidade está a Disparar
Dados do relatório da Agência Internacional de Energia – AIE – sobre o Estado da Energia em 2025, o Global Energy Review 2025, destacam o grande aumento do consumo de eletricidade, com um crescimento global em 2024 vs 2023 – acima do esperado – de 4,3%. Este valor representa um crescimento ao dobro da velocidade do crescimento do consumo global de energia.
As causas do aumento:
A AIE aponta três grandes causas para o aumento do consumo de eletricidade.
- O aumento da temperatura. 2024 foi mais um ano em que recordes de temperatura foram ultrapassados. O aumento da temperatura tem uma consequência direta no aumento da energia utilizada para arrefecimento;
- Expansão dos data centers. A revolução da inteligência artificial ou IA necessita de quantidades enormes de eletricidade para funcionar. Neste momento já 1.5% do consumo total de eletricidade é em data centres, sendo que para 2030 prevê-se que esta percentagem suba para 3%;
- O crescente número de produtos que funcionam com eletricidade, destacando os veículos elétricos – VE. Em 2024, 20% dos veículos novos vendidos foram elétricos ou híbridos. Dados preliminares de 2025 apontam para que este número já atinja os 25%.
Emissões estabilizam, mas ainda aumentam
As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) associadas à geração de energia continuaram a aumentar em 2024, +0,8% face a 2023. As boas notícias é a de que o crescimento económico, outrora fortemente correlacionado com as emissões de GEE, está cada vez mais desassociado destas. A economia global cresceu 3,2%. Nos países desenvolvidos, o PIB triplicou desde 1975, enquanto as emissões já recuaram para níveis semelhantes aos dessa década – uma prova de que a descarbonização da economia é possível.
Os grandes desafios que se vislumbram
O aumento da relevância da eletricidade no mix energético mundial traz naturalmente grandes desafios. A eletricidade não é uma fonte de energia primária, ela mesma é o produto da transformação de fontes de energia renováveis ou não renováveis. A eletricidade tem uma capacidade de armazenamento bastante limitada pelo que deverá existir uma capacidade de geração dimensionada face à procura.
A eletricidade vem contribuir para uma maior segurança no abastecimento: Ao contrário dos recursos não renováveis, a grande maioria dos países têm fontes de energia renovável ao seu dispor. Outra grande vantagem da eletricidade é a capacidade de ajudar na descarbonização – pela sua capacidade de produção através de um grande número de diferentes fontes renováveis. As energias renováveis em Portugal ajudam a produzir uma elevada percentagem da eletricidade consumida, o último relatório da DGEG aponta para que esta percentagem se situe em 74% . O sol, a água e o vento, são fontes renováveis que existem em larga escala no nosso país pelo que a aposta feita em energias renováveis é apoiada quase de forma unanime.
Não seria de todo possível atingir a descarbonização da sociedade sem uma crescente eletrificação do consumo da energia. Mesmo o transporte rodoviário, há muito o grande pilar totalmente dominado pelo petróleo tem vindo a registar uma aceleração acima até das perspetivas mais otimistas. No maior mercado automóvel do mundo – a China, em 2024, praticamente 50% de todos os automóveis vendidos são elétricos ou híbridos.
Os Desafios da Estabilidade da Rede
Já a garantia da estabilidade da rede elétrica da segurança de abastecimento é outra questão. As energias renováveis são intermitentes pelo que produzem a certas horas do dia, sendo que a energia solar tem um pico entre as 12h e as 14h, a energia eólica tem um pico de madrugada. Dadas as limitações que existem ao seu armazenamento, quase a totalidade da produção é imediatamente disponibilizada para consumo. Daí a falta de capacidade de armazenamento torna a estabilidade da rede elétrica um desafio crítico.
A existência de fontes de energia capazes de gerar eletricidade de forma prolongada e contínua é essencial para a segurança de abastecimento. Estas fontes são a hídrica (quando disponível) mas sobretudo o gás natural em Portugal. Outras fontes de energia são ainda o carvão ou a nuclear com a capacidade de assegurar a estabilidade dos sistemas elétricos.
O recente apagão de 28 de abril na Península Ibérica, onde ainda todos esperamos pelas auditorias aos sistemas energéticos que virão em meados de outubro, parecem apontar para uma sobrecarga no sistema – um dia bastante quente que levou a energia solar para grandes níveis de produção, mas não quente o suficiente para a absorção por parte da procura. Ou seja, existiu uma grande quantidade de energia produzida que não tinha procura.
Estamos a entrar, a toda a velocidade, na era da eletricidade. Será um mundo cheio de oportunidades e desafios, mas não restarão grandes dúvidas que dada a dependência de tantas atividades na eletricidade, e tendo em conta a sua dificuldade de armazenamento, que problemas como o “apagão de 28 de abril” poderão voltar a surgir.
O clima, a energia e o risco de Ultrapassarmos os 1,5 ºC
A produção de energia é um dos principais aceleradores do aquecimento da atmosfera, através da queima de combustíveis fosseis e consequente emissão de GEE, parece ser – infelizmente – cada vez mais evidente.
O planeta está a aquecer, e os fenómenos climáticos extremos são cada vez mais frequentes. Os dados mostram-nos e são indiscutíveis. Os acordos de Paris de 2015, que definiram a meta para limitar o aumento do aquecimento em 1.5ºC face a níveis pré-industriais, são vistos com uma missão quase impossível. Apesar de todo o esforço que tem existido na transição energética, e de todo o engenho que tem possibilitado a expansão da energia solar ou a adoção massiva de veículos elétricos, estima-se que ao ritmo do crescimento das emissões de GEE que se ainda se verifica, que estejamos a apontar para um aumento de 2.4ºC da temperatura média do planeta em 2100.
Como se verificou em 2024, o aumento da temperatura e a ocorrência de vagas de calor, tem contribuído significativamente para o aumento de consumo de eletricidade. Ainda para mais, o consumo de eletricidade para arrefecimento vem em horas de pico de consumo pelo que também acarretam problemas na segurança e distribuição de eletricidade.
Na COP28, foram definidos dois objetivos fundamentais até 2030:
- Triplicar a capacidade renovável global;
- Duplicar a taxa de melhoria da eficiência energética (de 2% para 4%/ano).
Contudo, os dados mostram que o ritmo da progressão da eficiência energética está a regredir. E isto pode comprometer todos os objetivos climáticos.
No próximo artigo do blog da Bluenergy fique a conhecer mais sobre eficiência energética.
Conclusão: Um Futuro Elétrico com Consumo Inteligente
A eletricidade é o futuro da energia – mas o futuro só será sustentável se soubermos utilizá-la com inteligência. A estabilidade da rede, o impacto climático e os custos energéticos dependem de como cada um de nós consome energia.
Na BE Bluenergy, ajudamos empresas e instituições a medir, controlar e reduzir o consumo elétrico, com soluções digitais, auditorias energéticas e apoio técnico à eficiência.
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